Entomotropica |
ISSN 1317-5262 |
Saúl Sánchez S1, Octávio Nakano2
1Campus Tabasco, Colegio de Postgraduados. Apartado Postal 24, 86500, H. Cárdenas, Tabasco, México.Sánchez S, Nakano O. 2003. Presença de Parisoschoenus obesulus Casey (Coleoptera: Curculionidae) na Cultura do Coqueiro no Estado de São Paulo, Brasil. Entomotropica 18(1):77-78.
Parisoschoenus obesulus Casey constitui uma praga da cultura do coqueiro (Cocos nucifera L.) nos estados da Bahia, Sergipe e Pernambuco, Brasil. Neste trabalho é citado por primeira vez a presença deste inseto atacando C. nucifera no Estado de São Paulo, Brasil.
Palavras chaves adicionais: Cocos nucifera, flores, frutos, gorgulho, praga.
Sánchez S, Nakano O. 2003. Presence of Parisoschoenus obesulus Casey (Coleoptera: Curculionidae) on Coconut Plant in the State of São Paulo, Brazil. Entomotropica 18(1):77-78.
Parisoschoenus obesulus Casey is a common pest of the coconut plant (Cocos nucifera L.) in the states of Bahia, Sergipe and Pernambuco, Brazil. In this work is cited for first time the presence of P. obesulus atacking C. nucifera in the State of São Paulo, Brazil.
Additional key words: Cocos nucifera, flowers, fruits, weevil, pest.
Entre os insetos considerados praga da cultura do coqueiro (Cocos nucifera L.) no Brasil, é citada a espécie Parisoschoenus obesulus Casey (Coleoptera: Curculionidae), cujas larvas se alimentam dos tecidos internos das flores femininas e frutos novos ocasionando sua morte (Bondar 1940a, Ferreira et al. 1998, Moura e Vilela 1998, Moura 1999).
P. obesulus é conhecido no Brasil desde 1922 (Bondar 1940a); porém, contrariamente à ampla distribuição da maioria dos insetos praga do coqueiro neste país, esta espécie só é registrada para os estados da Bahia, Sergipe e Pernambuco, localizados no Nordeste do país (Ferreira et al. 1998). A presença desta praga no Estado de São Paulo foi constatada no período de março a maio de 2001, no qual foram obtidos cachos de coqueiro tipo anão procedentes do município de Araçatuba, São Paulo. Os cachos, constituídos de flores masculinas e femininas, e de frutos novos, apresentavam adultos de P. obesulus de maneira abundante. A maioria dos frutos tenros apresentavam uma coloração marrom em cujo interior foram encontradas pequenas larvas de cor branca, curculioniformes, de aproximadamente 5 mm de comprimento. Os frutos infestados foram colocados en frascos de plástico de 4 cm de diâmetro x 5 cm de altura para a emergencia dos adultos. Para que as larvas se transformassemem pupas foi colocada no fundo dos frascos uma camada de terra úmida e compacta de 1 cm de espessura. Na tampa dos frascos foi feito um buraco quadrado de 1 cm de lado, no qual foi colado um pedaço de tela de malha fina para permitir a circulação do ar. Exemplares adultos da espécie foram depositados na coleção de insetos do Departamento de Entomologia, Fitopatologia e Zoologia Agrícola da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", Universidade de São Paulo, Brasil.
De acordo com Bondar (1940a), o adulto de P. obesulus é um pequeno gorgulho de cor castanho claro - avermelhado a castanho escuro ou preto, com o protorax freqüentemente mais claro do que o resto do corpo. É coberto por uma densa pilosidade fulvo doirada, sendo caduca no dorso do protorax. Os élitros possuem 8 estrias fundas longitudinais. Nos espaços intervalares existem duas carreiras de pelos doirados que se unem posteriormente formando uma só fileira. Na sutura e na base dos élitros apresenta freqüentemente um desenho em forma de "T" formado por escamas esbranquiçadas no meio das escamas vermelhas. Os élitros são truncados no ápice deixando o pigidio exposto. Os machos apresentam no prosterno um par de chifres dirigidos para a frente. A partir de uma mostra de 20 indivíduos se determinou que o comprimento do corpo desde a margem anterior do pronoto até o ápice dos élitros é em media de 2,3 mm (2,1 - 3,0 mm).
Segundo Bondar (1940b), P. obesulus é muito freqüente e nocivo à frutificação do coqueiro no Estado da Bahia, sendo seu ciclo de desenvolvimento de 20 a 25 dias. Um dos problemas da cultura do coqueiro no Estado de São Paulo é a baixa porcentagem de formação de frutos devido, entre outras causas, ao ataque de insetos não identificados, sendo um deles o "gorgulho" (Tonet e Pelinson 1999). As recomendações para o controle de P. obesulus estão baseadas nos hábitos do inseto, sugerindo-se a coleta e destruição de frutos imaturos caídos no solo e de frutos atacados presos ou não nos cachos. Quando os danos são superiores ao 5% é recomendada a aplicação de inseticidas dirigida às inflorescencias (Moura e Vilela 1998, Moura 1999).
Bondar G. 1940a. Insetos nocivos e moléstias do coqueiro (Cocos nucifera) no Brasil. Bahia: Tipografia Naval. 160p.
Bondar G. 1940b. Notas entomológicas da Bahia. VI. Rev de Entomologia 11:842-861.
Ferreira JMS, Lima MF, Santana DLQ, Moura JIL, Souza LA. 1998. Pragas do coqueiro. In: Ferreira JMS, Warwick DRN, Siqueira LA, editores. A cultura do coqueiro no Brasil. Brasília: EMBRAPA. p 189-267.
Moura JIL. 1999. Manejo integrado das pragas do coqueiro. En: São José AR, Souza IVB, Moura JIL, Rebouças TNH, editores. Coco: Produção e mercado. Vitória da Conquista (Brasil): UESB. p 131-150.
Moura JIL, Vilela EF. 1998. Pragas do coqueiro e dendezeiro. Viçosa: Aprenda Facil. 124p.
Tonet RM, Pelinson GJ. 1999. A situação da cultura do coqueiro no Estado de São Paulo. In: São José AR, Souza IVB, Moura JIL, Rebouças TNH, editores. Coco: Produção e mercado. Vitória da Conquista (Brasil): UESB. p 222-238.